Para
o filho que ainda não veio
Dia desses retomei minhas reflexões sobre adoção.
Não a história da minha vida, mas a possibilidade de me
adoçar com (ou na) a presença de mais alguém.
Foram nove anos pensando nisso...vendo a vida acontecer
sem ter a certeza do que queria fazer.
O que sempre soube é que a maternidade, para mim,
passaria por essa via.
Nada contra os sonhos maternais de gestar, de esperar
pelas mudanças no corpo, na casa, na família ou na vida, como um todo.
Entendo e respeito quem pensa e sobretudo, sente assim.
Para mim, maternidade, maternagem (aqui não discutirei
termos técnicos!) está associada ao vínculo criado com alguém que já se fez
criança...
Até entender que era isso...foi, como diz o bom
mineiro, custoso demais.
Não confundir a minha história de adoção com outras...
Não embolar minha maternidade com outras...
Estar atenta ao meu desejo...à minha essência... com a
possibilidade de ser mãe nascendo do mais profundo querer e não das amarras
sociais que nos envolvem.
Por considerar que é necessária uma preparação,
independentemente da idade do filho, passei a escrever sobre isso...tanto para
mim quanto para ele.
Se ele já estiver pronto e à minha espera...de alguma
forma, sentirá um acalanto na alma.
E essa aqui é uma dessas tentativas...
Filho Meu...te chamo assim por entender que virá de
alguma forma...
Homem ou mulher se fará através de mim...
Não lhe abriguei nas carnes... meu sangue não circulou
junto ao seu...
Mas minha alma está espelhada na sua... como a luz de
mil sóis...
E reconheço sua ancestralidade, sua linha e luz...
Ainda que nunca tivéssemos nos visto, eu saberia
E saberei...
Meu desejo é que seja feliz, a seu modo e maneira
Que venha livre das amarras de expectativas nas quais
eu estive presa...
Que seja lindo de alma e com grande coração...
Seja bem vindo a minha vida... e a dividir comigo as
luzes do caminho.
Ajude-me a plantar mais rosas, regar mais violetas,
admirar mais girassóis
Ajude-me a ser mais eu...na melhor versão.
Mostre-me os detalhes das descobertas simples...
O calor dos pequenos raios de sol, passeando pelo
parque da cidade...
A areia na roupa, nos pés e até nos cabelos...
O gosto do suco, sorvete ou gelatina...na boca ou no
rosto todo...
Teremos infinitos risos, mesmo que as lágrimas sejam
inevitáveis...
Serão noites de febre, pronto socorro...
E desenhos animados, tarefas escolares...
Uma briga ou outra, algum questionamento...como todo
filho
Serão caldos e sopas por conta do aparelho nos
dentes...
Amigos, festinhas, namoradas ou namorados
Numa dança da vida que passa muito rápido, filho...
Espero dividir com você o muito que aprendi...
E descobrir que ainda há muito a evoluir...
Seremos nossa casa, nosso aconchego...
Meus braços nos seus, nossos abraços divididos, o
acolhimento aprendido...
E se for assim, eu tenho certeza...Deixei minha semente
nessa terra.
Deixar a Semente na Terra: experiência de Amor.
ResponderExcluirAhh, Querida, que bom que esteve aqui apreciar minha escrita. Paz e luz! Beijos.
ResponderExcluirMuito lindo!! Me emocionei.
ResponderExcluirMarssella.
Nossa, que bom. Gosto quando minhas palavras causam boas emoções.
ExcluirEmocionante... A espera é difícil, saber que ele/ela esta por ai em algum lugar nos esperando buscar e nós correndo para chegar a tempo...
ResponderExcluirAcredito que o tempo prepara todas as coisas, o que inclui todas as gestações. O tempo traz a possibilidade de preparo do que é melhor tanto para o filho que chega como para a mãe que acolhe. Esperemos juntos, amiga! Com Deus sempre.
ResponderExcluirQue bom começar a semana com um texto tão lindo que muito me tocou. Eu sou filho aditivo e eu costumo dizer que eu "Fui escolhido" por meus pais. Amaram-me de forma incondicional e deram a mim as bases pra ser uma pessoa digna, honesta e batalhadora. Exemplos de pais, volta e meia me faz refletir. Às vezes eu também sinto vontade de adotar. Amor eu garanto que nunca faltaria
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