Onde minha vista não
alcança
O
amor é a única expressão incapaz de ser explicada pela ciência.
Quem
disse isso mesmo? Pausa para rememorar...
Ah,
sim... O mesmo que disse que ao abrir uma porta de nova descoberta, já encontro
Deus lá dentro... Isso mesmo, Einstein!
E
muitos tentam explicar o amor... Muito se fala sobre o amor...
Todos
os tipos de amores...que , na verdade, são tipos de relacionamentos amorosos.
Amarram,
limitam e sufocam em nome do amor amante... debaixo do mesmo teto, dividindo
conta, chuveiro e corpo...muita gente jura já ter encontrado o amor. Será
mesmo?
Minha
intenção de hoje é falar amorosamente sobre o amor... o mais criticado deles, o amor à distância?
Pobre
coitado! Muitas vezes desacreditado... Triste e envolvido em solidão profunda
(muitos risos enquanto eu escrevo).
Casal
que se vê a cada quinzena...
Casais
separados por estradas, ares e mares.
Quando
se vive um amor a distância a primeira pergunta que se ouve é: “Nossa, não sei
como você consegue!”.
Respondo
que não é conseguir... é a forma com que o amor se apresentou pra mim.
Nunca
fui de aceitar qualquer amor... me envolver, muito menos.
Embora
já tivesse alguma experiência tanto do compromisso quanto no descompromisso...
o que mais se questiona no relacionamento à distância é, primeiro, a fidelidade
e segundo, o investimento financeiro.
Não
estou aqui dizendo que todas as pessoas devem fazer compromissos que não possam
arcar...ou cometer insanidades de abandonar a vida construída pra trás.
Ao
contrário, se é amor...vale envolvimento, investimento e construção para
construir um caminho onde, antes, não havia trilha.
Se
é amor, querido leitor, vale...
Se
for paixão desenfreada... aperte o pé no freio e segure o volante.
Contudo,
se for aquela pessoa com quem sua alma conversa...
Com
quem seu corpo estremece... e sua vida caminha junto... vale!
E
vale tudo o que vale morando na mesma cidade, bairro, prédio e até casa.
Vale
compromisso de lealdade superior até mesmo à fidelidade...
Se
é leal, tem entrega...se tem entrega, se é de uma pessoa só e não carece
explicação.
Na
verdade, não carece julgamento...melhor escrevendo...senão fica parecendo que estou
ditando o tratado disso ou daquilo.
Voltando ao assunto...
Todo
relacionamento nos causa medo... é a mudança...e a projeção no outro e para o
outro.
Isso
amedronta demais... E para alguns, até paralisa.
Aprendemos
a amar na presença... No compromisso quase forçado de estar colado e fazendo
tudo junto.
Não
existe problema nenhum nisso... Há quem aprecie e há que descarte, como tudo na
vida.
Se
todo amor, mesmo o de perto, nos mete medo... Imagina se relacionar com alguém que mora longe?
Acaso,
medo da solidão, problemas para dividir o espaço, não ter que lidar com isso ou aquilo já seria justificativa que passaria na cabeça de alguns.
E
para mim? Ah, suspiro enquanto escrevo... amo assim porque só essa pessoa me
completa.
Não
há outra explicação e não há outra possibilidade.
Foi
o encaixe da engrenagem desde o primeiro encontro... Sempre foi.
E
assim, a vida se fez... Um misto de solidão e solitude... Numa construção de
nós invisíveis.
Para
fazer valer, à distância ou na presença é preciso saber amar, como dizem poetas
e músicos...
É
preciso ter alguém para segurar sua mão... Dizer que não se está sozinho, mesmo
sabendo que chegamos e partimos em solidão profunda.
Alguém
para compartilhar das coisas simples... O café, a padaria, a sessão de
cinema...
A
festa de família, as compras de fim de semana, a casa dos amigos...
O
chocolate, o filme no sofá... A música favorita, o cantor desconhecido que você
acaba de conhecer...
O
show, a peça de teatro, a pizza fria no café da manhã... A mistura estranha de
pastel e café com leite.
Alguém
que te escuta, com luz acesa ou apagada.
Que
acolhe as duas partes de você, o avesso e o direito... A luz e a sombra.
Alguém
que se dispõe e impõe... Sábio de sua importância.
Se
você é como eu, tem esse alguém...
Perto
ou longe não importa...
Amor
a distância é uma questão de perspectiva...como tudo na vida.
Quantas
vezes se está perto, querendo estar longe?
E
quantas vezes se está longe e tão perto?
E
pra saber se é amor, você me pergunta.
Depois
que você terminar essa leitura... Respire fundo... Feche os olhos e pense
naquela pessoa que quer por perto...
Você
caminha por uma rua qualquer e olha para o lado... Quem você vê e o que quer?
Se
você a vê... E sente sua companhia, pronto!
O
amor, perto ou longe, deve ser companhia para a travessia...
Numa
construção de caminhos interiores que antecedem a mudança do espaço geográfico.
Amor,
mesmo à distância... Acolhe, agrega, conserva, muda, permuta...
Descontrói
constrói... Inventa, reinventa...
Amor
assim... Vai muito longe...
Na
vida, no espaço e no tempo...